Ele é psicólogo da Saúde Municipal e destacou o papel da família em detrimento do domínio tecnológico
2017-04-24 às 14:06:36) O psicólogo da Secretaria Municipal de Saúde de Telêmaco Borba, Dr. Romualdo Cordel (58), recebeu o site Oberekando para um diálogo envolvendo diversos tópicos quando se fala na relação público x mídias sociais.
Com a febre da “Baleia Azul” a necessidade do elencar a temática no sentido de esclarecimento com profissional com autoridade na área de comportamento humano.
Na verdade é muito comum você ver grupos buscando uma identidade e muitas vezes a falta disso, segundo ele, leva a pessoa a buscar aquela que está mais próxima, e “geralmente isso acontece com aquelas que estão mais afastadas do seio familiar”, ou até mesmo não encontram-se pertencentes a esse meio familiar. A correria do dia a dia, os afazeres e muitas vezes a questão das próprias mídias sociais afastam as discussões caseiras. Ele lembrou um ditado atual de que se desligar a internet da casa as pessoas vão se conhecer. Na concepção de Cordel, muitas vezes, por não estar se pertencendo a nenhum grupo e aberta essa possibilidade de pertencimento, fica mais fácil se arregimentar as pessoas. Essas existem para o bem e para o mal, e você tem que se preparar para não cair nessas armadilhas
BALEIA AZUL
Essa onda passa algo além da carência familiar? Respondendo a isso o profissional alerta que esse próprio coordenador de grupo, também está imbuído na tarefa, e no entanto ele vai pegar, arregimentar aquelas pessoas que estão buscando: “O estranho é que na correria que a gente tem, acabamos deixando de avaliar as situações e observar as coisas que estão acontecendo ao nosso redor”.
Nesse caso, rememorou-se que há alguns anos atrás, em época mais conversadora, tudo que os pais pediam à seus filhos, era que não se passasse o número de telefone a ninguém, que não tivesse certa ligação familiar ou de amizade sedimentada, ou mais ainda, a algum desconhecido. O uso de aplicativos dessa natureza reforçam para o psicólogo a busca do pertencimento de grupo e do passar aquilo que é intimo seu. “O Whatsapp é íntimo!”. O mais estranho, na avaliação de Romualdo, é que o acesso a essa ferramenta, é muito bom e ao mesmo tempo é muito ruim: “Quando os grupos se formam, é que se deve ter mais atenção”, alerta.
O embate entre não poder, por exemplo, invadir a privacidade de um filho, é outro fato.
Até que ponto você dá liberdade ou perde a autoridade e deixa de ser educador? Nesse caso perde-se o teu papel principal de educar aquele ser que você pôs no mundo para seguir uma vida saudável, correta e tudo mais. “Por vezes, pela correria, os filhos, por força da expressão ‘estão jogados’ e à disposição de quem os quiser pegá-los”. É nesse sentido que novamente ele argumenta a que há uma arregimentação de novas pessoas.
CORRENTES
A falta de visão em saúde mental pode ser um ponto muito chave nesse sentido. Por vezes conforme o profissional, a vemos somente quando se afetam questões como as drogas ou o álcool, mas ela é muito ampla. Uma deterioração na saúde mental pode trazer o distanciamento de uma certa realidade, e as pessoas ficam suscetíveis a serem pegas: “Todos nós temos algum problema mental, mas existem os mais vulneráveis na forma de se lidar com isso. Até a nós mesmos adultos, a busca daqueles prazeres internos é muito mais importante hoje”.
A FAMÍLIA NESSE CONTEXTO DE MODERNIDADE
Ao ser perguntado se a tecnologia tomou conta do diálogo familiar, Romualdo respondeu que é estranho falar isso, e é uma faca de dois gumes, porque ao mesmo tempo que a tecnologia nos ajuda em muito se você a bem usar, e ao teu favor, também se você a usar muito, ela te distancia da tua micro sociedade... do teu micronúcleo, que deve ser a família. Foi destacada a importância do olho no olho, usando a tecnologia como uma ferramenta, e não como um modo de vida.
PRETEXTOS: O muitas vezes ‘fingir que deixou certas coisas’ no quarto dos filhos e usar o pretexto de ir pegar esses para, sem que eles percebam como invasão de privacidade, saber o que se passa em suas estadas compulsivas e ininterruptas ao computador ou demais mídias em seus quartos, não é o que se aconselha: Nesse caso você está se usando de desculpas para aquilo que você já seria sua obrigação enquanto pai ou responsável.
“Qual é a tua função enquanto pai ou enquanto mãe, não é educar? O que acontece muitas das vezes é que muitos de nós, perdemos esse mando de campo”. Isso se deve, na opinião do psicólogo, ao sentimento de preservar dos filhos às suas liberdades como a de expressão, por exemplo. “Só que nesse caso você acabou perdendo é o seu controle enquanto pai! Acabou perdendo sua função enquanto pai!”. Se você está no ponto de colocar coisinhas para ir atrás para saber o que está acontecendo, você já perdeu o controle”. Para ele, você já está submisso à vontade do filho. “Acho que a parte de educação é um pouco inversa a isso!”, aconselha. Explicar aos filhos que possam ter na rede pessoas com poder de argumentação muito grande, e que os pais estão ali presentes e não ausentes, é um importante ato: “Buscar a tua presença enquanto pai e enquanto mãe é muito importante”. Ele complementa: “Se você não está usando corretamente as ferramentas, você pode se machucar, e uma das funções dos pais é evitar que os filhos se machuquem”.
GRAVAÇÃO DE VIDEOS E ATOS ÍNTIMOS: PROVA DE AMOR?
Hoje você está com a pessoa, e “hoje” você está “namorado”. Gravar algo íntimo é contrassenso, porque se for pensar, é íntimo e de mais ninguém. A própria imagem e a visão positiva do rosto, deve permanecer na mente. Uma importante reflexão ele causou: “Necessito de uma foto para lembrar de quem eu gosto? Será que eu gosto?” Ele reforçou que quem hoje se expõem, amanhã pode ser exposto. Ao ser falado de diversos casos de cidades pequenas onde todos se conhecem do espalhar de material como gravações ou fotos intimas e as tantas causas adversas como a destruição de famílias, mudanças de município e de planos dos pais por um ato acontecido com uma filha ou filho, ele lembra que com a velocidade da informação, existe sim um ‘monte’ (um agregado infinito de locais) e não mais apenas uma cidade (onde esse material possa ser visto).
CASOS DE INTIMIDAÇÃO POR PARTE DE FAMILIARES
Situações de abusos por parte de familiares, pais, padrastos, mães, tios e avós, dentre outros, foi outra citação e a indicação é de que se busque o Conselho Tutelar, ou a Saúde Pública nas próprias UBS´s: “Você não quer na sua região para não contar o seu problema? Vá na outra ponta, mas você têm pessoas para te atender nisso”, reforça, relembrando também que hoje a Polícia Civil tem um ambiente para se relatar isso. Cordel disse que essa é uma situação que preocupa muito, das pessoas ficarem introspectivas: “Pra não sofrer ou pra não deixar alguém sofrer, eles acabam se machucando mais ainda, por causas dessas ameaças e dessas situações ruins”.
Se por um lado Telêmaco infelizmente não fica imune a isso, par e passo existe uma rede de proteção contra violência intrafamiliar na cidade e que está atingindo localidades vizinhas e o especialista vê como muito positivo o apoio do prefeito Márcio, também nesta área.
Ele encerrou o bate-papo com a expressão “Quando a boca cala, o corpo fala. Quando a boca fala, o corpo sara”, lembrando que se há um problema, uma situação em que não é colocada, começa-se a se jogar pra dentro, e tudo que se guarda por muito tempo acaba se azedando e te fazendo mal, deixando a pessoa à mercê de situações como ‘baleia azul’, ‘drogas’, e coisas assim: Procure ajuda! É muito importante”, foi o aconselhamento de Dr. Romualdo, que atende no Centro Regional de Especialidades e também no NASF: Núcleo de Atenção à Saúde da Família, pertencentes à Secretaria Municipal de Saúde que tem como titular, o Dr. Ede Pukanski.
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